domingo, 29 de maio de 2011

As armadilhas das malas diretas

Desde que me formei, há  20 anos,  trabalho no mesmo bairro, mas mudei de ponto três vezes, e o maior risco para nós, prestadores de serviço, é perder o contato com o cliente.
As normas de marketing indicam que uma boa forma de manter seu endereço vivo na cabeça do cliente é a mala direta e suas variações.
Após o nascimento da minha filha, abri finalmente o ponto próprio, que estou até hoje.
Não tinha linha telefônica (sim, elas eram compradas e custavam muito caro), apenas um Pager (o que, vc não sabe o que é um Pager???  O Google sabe). Instalei uma extensão externa da linha da minha casa.
Também não tinha email (começo a me sentir velha!) então, para ser lembrado, ou era com sinal de fumaça ou pelo correio.
No final daquele ano, decidi então reforçar o meu novo endereço, para minha lista de clientes, com a ajuda do bom e velho cartão de Natal.
Um pequena fortuna entre cartões padronizados, envelopes escritos um a um e o carimbo do remetente, além é claro dos selos.
Enviados, era só esperar pelo contato.
Não demorou e recebi um telefonema de alguém se dizendo filha do fulano de tal. A Dra.  sabe quem é?
-Sim, claro (tenho boa memória para nomes).
Ela marcou um horário pra avaliação e faltou.
Dia seguinte ligou novamente e remarcou. Chegou pra consulta acompanhada do pai.
Eu estava em atendimento, e ao invés de aguardar, bateu na porta do consultório.
Quando abri a porta com um sorriso, fui medida de cima a baixo e o infeliz me perguntou:
-A sra me conhece de onde? Demorei um pouco pra entender e ele continuou:
Recebi um cartão de Natal da sra.
Eu disse já um pouco mais seca:
- Se eu tenho o seu cadastro, é porque em algum momento da sua vida o Sr. Passou em consulta comigo.
E ele:
-Eu não me lembro e ontem quando cheguei em casa minha mulher estava com minhas malas prontas, porque eu recebi este cartão, minha filha ligou aqui e a sra disse que me conhecia bem (eu não havia dito isso e a filha sentada numa cadeira ao lado tinha no rosto um sorriso irônico). Minha mulher acha que eu tenho um CASO com a sra :o
Mudei o tom de voz e disse a ele o intuito do cartão, mas pedi que o desconsiderasse, já que eu não pretendia atendê-lo nunca mais. Me desculpei por ter causado qualquer transtorno e disse a filha dele:  -Vc precisa de ajuda.
Eles foram embora e eu fui até a janela para vê-los partir e entender mais um pouco a situação, o que eu até hoje, não consegui.
Contei indignada para o meu marido, que queria ir tirar satisfação com o infeliz. Eu não deixei, mas ri imaginando a cena: Meu marido com 1:85 e 110Kg, perguntando a um cara de aproximadamente 1:60/70Kg sujo de graxa e ao lado do seu veículo (um Fiat 147), se era ele que estava se passando por meu amante.
Passados quase 15 anos isso ainda me intriga.
O que leva uma filha a pôr fogo numa relação já conturbada dos pais?
Porque a mulher abriu o cartão se era pra ele?
Porque uma mulher enviaria um cartão de Natal pro amante, na casa dele?
Mas esta história me ajudou a confirmar que realmente o amor é cego. Aquela mulher acreditava que existia mais alguém no mundo capaz de se interessar por aquilo que ela chamava de marido.
Minha vontade era dizer pra ela que ao invés de ciúme, ela deveria ter inveja de mim, afinal, eu era (e sou) muito bem casada, com um marido ótimo e que confiamos um no outro.
Portanto amigos, cuidado com as malas diretas. Elas podem ser realmente ARMAS, mas não de marketing!
Quando você acha que já viu de tudo...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Educação e Escolaridade

Educação s. f.
    Ação de desenvolver as faculdades psíquicas, intelectuais e morais
Escolaridade
    Período de educação.
A Lei de Diretrizes e Bases -LDB-  reafirma o direito à educação, garantido pela Constituição Federal.
Fraciona a educação brasileira em dois níveis:  educação básica e ensino superior.
Estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado em relação à educação escolar pública, definindo as responsabilidades, em regime de colaboração, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Mas quem se preocupa com o conteúdo?
Troco email com um funcionário do depto de engenharia de uma Construtora que fala: "eu não trabalho dia de sábado".
Recebo um comunicado do curso de preparação para o mercado de trabalho, que meu filho faz, avisando que terá multa se reincidir (tornar a fazer) o contrato. Não seria rescindir (anular)?
Num outro programa de treinamento para o mercado, agora para a minha filha, o coordenador (formado em ADM, sic) diz que, fazendo o tal curso, o aluno fica hábito pra exercer determinadas funções. HAPTO, meu caro!
Como corrigir isso? 
O problema já começa com "pedagogos/as" formados por "universidades" ruins. Estes, por sua vez, educarão crianças com vícios de linguagem. Poblema, fazem X anos e etc.
Os pais que delegam a escola toda a responsabilidade da educação dos filhos. Não tem o hábito da leitura e não estimulam os filhos a ter. 
A falta de estrutura familiar e a subnutrição que colaboram pra que, mesmo estudando, não aprendam.
A progressão continuada na rede publica e o aluno visto como cliente na rede particular.
Algo precisa ser feito. Sou parte desta ciranda. Meu filho quase foi reprovado por faltas. Saía pra escola e ia jogar futebol. A escola (publica) nunca me comunicou as faltas frequentes. Demorei pra perceber. Corrigi a tempo. 
Ele faltou a 59 aulas de português e a coordenadora disse: pensamos que ele havia abandonado!
Ainda que ele tivesse abandonado a escola tem a obrigação de comunicar ao Conselho Tutelar. No Brasil, crianças não podem ficar fora da escola.  
Muito nervosa, pedi a recontagem das faltas e disse a coordenadora pedagógica que se ele reprovasse novamente ( ele havia repetido a 8ºsérie num colegio particular), perderia definitivamente o gosto pelos estudos.
A COORDENADORA PEDAGÓGICA me disse então: já que ele não gosta de estudar, deixe ele em casa e depois ele faz supletivo! Meu filho tinha 15 anos!
Como alguém responsável pela formação dos alunos sugere isso? 
A LDB deveria se preocupar mais com o conteúdo ministrado do que com a escolaridade (tempo).
Sou de um tempo em que se conjugava verbos e treinava tabuada.
Não sou nenhuma linguista, mas falo e escrevo bem, e respondo facilmente que 8x7=56.
Ah, sempre estudei em escola publica.
Família+Educação+Escolaridade+Cultura, esse é o caminho!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Choque de realidade

Criança, mas com problemas de gente grande.

Tratar criança nunca foi minha atividade preferida.
E nem foi por trauma. Tive colegas que, na clinica de Odontopediatria atenderam criOnças miniaturas de HeMan, e nunca mais viram um dente 75.
Eu, pelo contrário, tive uma experiência tranqüila, mas optei por não atender crianças.
Tive sim um atendimento emblemático. Diríamos que foi um choque de realidade.
Era o ano de 1990, último ano da faculdade, fomos para a clínica de Odontopediatria e fizemos a triagem.
Recebi uma “pequena” paciente, da qual infelizmente não lembro o nome. Magrinha, miudinha, visivelmente desnutrida. Moradora dos arredores da faculdade (se é que ali existia arredores!) Na anamnese a mãe disse que ela comia muito mal. De manhã, só uma “banda” de pão e um copo de leite com café.
Perguntada sobre o que gostava de comer, ela respondeu: sopa.
Sugeri então a mãe que fizesse pra ela, na forma de sopa, tudo o que dava para os outros filhos (pq claro, ela tinha outros filhos).
Começamos o tratamento e a visão era triste. Com sete anos, todos os dentes posteriores decíduos eram cariados. Os que consegui salvar precisaram de endo e coroas de aço (ainda se faz coroa de aço?)
A garota era uma graça. Como estudava de manhã, e a clínica era as 8h da noite, sempre dormia na cadeira, e após o atendimento, espreguiçava e olhava ao redor com cara de : Onde estou???
Seu maior desejo, era crescer mais um pouco pra poder trabalhar como seu irmão.
- E o que faz o seu irmão, claro, eu perguntei.
- Tóma conta de carro! Ahã!
Como era ano de copa do mundo 1990 e na Itália, o Brasil jogou uma tarde e nós fomos pra clínica depois.
O Brasil venceu a Escócia por 1x0(segundo o Google) e o assunto na clínica era esse.
Daí tive com ela o seguinte diálogo:
-Vc viu o jogo? (Me pareceu uma pergunta besta. Todo mundo via a copa, né)
-Não tia.
-Pq, vc não gosta de futebol?
- Não tia, é que meu pai brigou com a minha mãe, foi embora e levou a TV!!!
-Ah ta...
(Que pai FDP vai embora e deixa os filhos sem TV? Ele claro, tinha visto o jogo).
O tratamento foi andando, e um dia, ela chegou com um sorriso no rosto e me disse:
-Tia, hoje eu comi arroz, feijão e carne na escola! E emendou: Agora posso comer, MEU DENTE NÃO DÓI MAIS!
E só então eu percebi que ela não comia, não por não gostar, mas por não conseguir.
Senti um misto de prazer e penúria. Como um ser tão novo e pequenino, podia  ter tanto problema na vida.
No dia 24/06/1990 o Brasil perdeu para a Argentina e foi desclassificado. Pelo menos ela não viu esta derrota.
Hoje ela deve estar com 27 anos. Espero que com todos os dentes e com uma vida mais feliz!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

E por falar em exemplo...

Meu pai faleceu com 58 anos.
Eu tinha 36. Nunca tinha pensado nessa possibilidade. Quem amamos não deveriam morrer.
Ele era uma figura.
Daquelas que não passam desapercebidas. Tinha sempre uma resposta pra tudo.
Filho de italianos, leonino, falava sem pensar. Xingava e praguejava como ninguém. 
Mas não guardava raiva. Quebrava pratos, batia portas, mas amanhã tinha esquecido.
Adorava crianças. Casou com 21 anos e com 22 já era pai. Passada a fase de colo, ele já queria outro filho. Felizmente minha mãe tinha os pés mais no chão. Mesmo assim somos em quatro.
Fazia amigos com facilidade e tinha ótima lábia pra vender... Aliás, essa era sua profissão: vendedor.
Foi bancário, é verdade, mas ter chefe e horário não era a sua praia.
Nossa vida financeira era cheia de altos e baixos.
Hora tínhamos empregada e carro (uma Kombi na verdade), outras horas minha mãe ia fazer faxina pra fora pra podermos comer. Nós não sabíamos disso.
Fazia questão de bom desempenho escolar, e apesar de quase não ter estudo, era ele que acompanhava nossas tarefas.
Inteligente e habilidoso, ajudava na confecção dos trabalhos das feiras de ciências.
Era enérgico e, num tempo sem Estatuto da Criança e do Adolescente, dava altas surras.
As vezes trocava pelo caderno de castigo.
O quê;  vc não sabe o que é caderno de castigo?
Era um caderno brochura, com as folhas numeradas em que nós tínhamos que repetir um determinado num de vezes a frase do inicio da pagina. Dependia da gravidade. Por ex.
Não devo responder pra minha mãe (sim, isso era considerado errado e grave)
Tipo o que o Bart Simpson faz na lousa.
Ele escrevia a primeira linha de cada uma das paginas que deveríamos fazer, e nós copiávamos até o final da folha. E então, no dia seguinte, qdo chegávamos da escola, primeiro a tarefa, depois o castigo e se sobrasse tempo: brincar.
Quase nunca sobrava.
Foi ele que me ensinou a andar de bicicleta.
Fazia balão e pipa com cola de farinha.
Por pior que tivesse sido seu ano, nós nunca deixamos de ganhar, no Natal, aquilo que pedíamos.
Vertiplano, bicicleta, gravador...
Porém, juízo, ele não tinha nenhum.
Cabeça quente, vivia mudando de emprego. 
Contas de água e luz viviam atrasadas, assim como o aluguel. Não tinha um ano sem corte de fornecimento. Ainda bem que não tínhamos telefone!
Parecíamos ciganos. A cada 5 ou 6 anos mudávamos. O proprietário pedia o imóvel.
Um dia, eu precisava levar dinheiro pro dentista, sabe como é!
Ele disse que não tinha, então e eu disse que não iria, pq eu já estava com vergonha de dar desculpas.
Nossa, ele ficou muuuuito bravo, e me disse que  qdo fosse maior, iria passar muita vergonha. Hoje eu imagino o quanto aquela situação o magoou.
Ele amava os netos. Conforme fomos casando ele passou a esperar os domingos com enorme ansiedade. Reunir a família em volta da mesa era seu prazer.
Aliás, comer era o outro.
Glutão, minha mãe escondia o bacon no meio das laranjas ou do alface, pra que ele não achasse, senão, qdo ia temperar o feijão, cadê?
Aliás, ser bom de garfo proporcionou a maior irresponsabilidade, combinada com originalidade, que eu já vi como dentista.
Alguns colegas conhecem esta história.
Com grave problema periodontal, um dia tivemos que extrair todos os dentes e colocar uma prótese total. Ele sofria tanto com os dentes naturais, que foi dele que eu ouvi algo que poucas vezes nós ouviremos na carreira: “Filha, se eu soubesse que era tão bom usar dentadura, tinha colocado antes.”
Como foi feita imediata, e ele achava que ir ao consultório me incomodava, resolveu por si só o problema quando ela ficou frouxa: Reembasou com DUREPOXI.
Imaginem a cena: Mistura as pastas como silicona, acomoda no palato, leva na posição, morde e espera tomar presa. Com um estilete tirou os excessos e pronto... Pode?
Ele nunca pensou no futuro e quando a idade chegou e ele se deu conta que não tinha mais a mesma energia para vender, começou a se entregar. Dizia que já tinha cumprido sua função ao criar os filhos.
Obeso, hipertenso e diabético apesar de não admitir, faleceu de infarto agudo do miocárdio, em 04/11/2000.
E o que tudo isso tem a ver com exemplos?
Ensinamos mais por exemplos que por palavras.
Sempre digo que os exemplos servem para seguirmos igual, ou completamente diferente.
Com meu pai aprendi o valor da família e dos estudos, a importância da presença paterna, do bom humor e de procurar o lado bom da vida. Faço igual ele fazia.
Por outro lado , também  por seus exemplos, decidi que nunca faltaria com os meus compromissos.
Sempre pensei em ter casa própria pra não ter que mudar feito cigano. Eu odeio dividas.
Desde o dia do dinheiro para o dentista, prometi pra mim mesma que nunca passaria vergonha por dividas.
Ele me ensinou mesmo sem perceber. Faço exatamente o oposto.
Como se não bastasse, no dia do meu casamento, ele me falou a frase que marcou definitivamente a minha vida, e me deu a segurança que eu precisava pra assumir a nova fase.
Ele me chamou num canto, antes de eu ir pro cabeleireiro, e disse:
“Minha filha, eu espero que você seja muito feliz e que seu casamento seja duradouro, mas, se algo der errado, você pode voltar para casa. Nós sempre seremos a sua família”.
Neste "Dia dos Pais" minha homenagem vai em pensamento pra ele.
É, eu realmente sou uma pessoa de sorte J

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Depois da formatura

Acho que a carreira deve ser pensada desde a metade do curso pelo menos. Algum pé de meia se vc já trabalha, ajuda.
Vc vai se formar e só quererá trabalhar como dentista, e se não conseguir logo, o pé de meia ajudará.
Inicio modesto, fazendo bem aquilo pra o que vc realmente está preparado.
Sugar colegas mais experiêntes , meio estágio, sabe. O dia a dia do consultório vc só terá assim.
Voluntariado te põe em contato com realidades que te ajudarão muito qdo estiver sozinho.
Eu atendi no PS da APCD.
E no mais, parabéns e seja bem vindo. O sol nasceu pra todos!
Quem dera todos o brasileiros tratassem os dentes. Faltariam dentistas.
Tenho uma máxima que acho que ilustra bem a vida do recém formado.
"Em outubro vc é perguntado quando se forma, e responde: mês que vem.
E recebe o elogio: Então vc já sabe tudo. É praticamente Dentista!
Em fevereiro te perguntam quando vc se formou e vc responde: Há dois meses.
E daí ouve: Meu Deus, recém formado: Mas então vc ainda não sabe nada! :(("
Vai entender o ser humano!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ganhei quando mais achei que tinha perdido.

Pessoas proximas já ouviram essa historia várias vezes, mas repito sempre, pra que mais e mais pessoas possam aproveitar o conselho que recebi.
Formada em prótese, sem perspectiva de atuar na área, decidi que trabalhar como auxiliar de dentista me colocaria em contato com a profissão que havia escolhido.
Recorte de jornal, entrevista marcada, emprego conquistado.
O consultório era de um profissional bem sucedido, 30km da minha casa.
Qdo se tem19 anos as distâncias são diferentes. Fui.
Entrei na Osec em 1986, que ficava a 45km de casa. Fui morar com meus tios, pra ficar mais perto.
Trabalhava o dia todo e estudava a noite. Puxado, sacrificado, mas contei com muito apoio.
O tempo foi passando e o dia a dia de consultório facilitava. Nas aulas eu aprendia a teoria, do que via diariamente na prática.
Meu chefe era MUITO perfeccionista e na real, sugava minhas energias.
Aprendi com ele, o que faculdade nenhuma teria me ensinado.
Os clientes, acostumados comigo, sempre perguntavam se eu iria ficar lá qdo me formasse. Eu queria, mas não dependia de mim.
Clinica grande, três consultórios bem localizada, sonho de consumo de qualquer um.
Emfim eu me formei.
Havia me casado seis meses antes, e meu marido já morava na zona norte. O consultorio era na zona sul.
Então fui chamada pelo chefe, para uma conversa decisiva.
Depois de 6 anos, tínhamos alguma cumplicidade.
O teor da conversa, resumidamente, foi esse:
"Célia, não é que eu não queira que você fique aqui, mas pense comigo.
Vc acabou de se casar e mora há quase 30 km daqui. Vc é jovem, tem energia, e de certo vai conseguir vir diariamente (aliás, eu fazia isso no inicio).
Vc vai ter que batalhar, pq a maioria dos clientes terão alguma resistência em tratar com vc.
Em dois anos vc terá alguma clientela e aí, provavelmente terá filhos.
Então estes 30km vão virar 60. Empregados e creche não serão bons o bastante para eles.
Vc então vai decidir trabalhar mais perto de casa. Seus cliente, salvo exceções, não vão te acompanhar, e vc vai perder tudo o que conquistou. Terá que recomeçar.
Por isso, eu acho melhor que vc inicie sua carreira proximo da sua casa."
Eu caí das nuvens.
Não tinha nenhum contato a não ser ele. Nenhum parente, ninguém pra me dar aquele empurrãozinho inicial.
Sem opção, segui o conselho.
Fazia endo pra uns colegas que tinham arrendado consultorio e o que mais aparecesse.
Meu sogro tinha um inquilino que era uma clinica médica de bairro. Tinha Dentista, mas ficou sem. Como era amigo do meu marido, me convidou pra assumir o posto.
Comecei a atender no bairro.
Tive meu primeiro filho e tres anos depois, uma menina.
O inquilino saiu, e eu montei meu consultório no mesmo endereço.
Hoje eles tem 18 e 15 anos, e eu almocei com eles quase todos os dias nesse tempo.
Levei-os para o consultório qdo precisei. Podia levá-los e buscá-los na escola qdo era preciso, sem abrir mão da agenda.
Num dia como hoje, em que teve um capotamento no eixo norte/sul eu teria levado 2 hs pra chegar no Brooklin.
Saí as 8:55 pra atender as 9:00. Andei 30mts.
Visionário ou não, este foi o MELHOR conselho profissional que eu recebi.
Agradeço diariamente.