sábado, 25 de junho de 2011

Mudanças

Estou de mudança. Mudança de casa!
Mudamos o tempo todo. Mulheres então...
Mudamos de roupa, de cabelo, de humor, de estado civil...Nem percebemos.
Mudamos de namorada pra esposa, de filha pra mãe, de estudante pra profissional e nem percebemos.
Vim pra esta casa recém casada e costumo dizer que quem me deu não perguntou onde eu queria. Me instalei no Jardim Brasil.
Formei familia e me estabeleci. Nem vi as mudanças.
Agora estamos prestes a começar uma nova fase.
Uma casa pensada e feita ao nosso gosto, que consumiu nossas economias e algumas noite de sono, há poucas quadras daqui.
A nostalgia está rondando meus dias.
Sentirei falta. 
Aqui eu conheço cada pedacinho e fomos felizes.
Viraremos a pagina e entraremos num novo ciclo. Um ciclo complementar. É uma sequencia, não tem começo nem fim.
Que a familia que aqui se instalar seja tão feliz quanto nós fomos.
Que o Universo conspire a nosso favor.
E que muitos canais de molares povoem minha agenda. 
Haja recurso pra realizar sonhos!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Ética profissional. Você tem???


Ética profissional, não gosto do termo.
Fiz uma representação contra uma colega no CRO há alguns anos.
Não porque ela falou mal do meu trabalho, mas porque falou inverdade.
Explico: Após exo do 38 impactado, o 37 ficou sem suporte ósseo na distal. Apesar de ter ocorrido a reparação óssea, o 37 sofreu necrose asséptica e precisou de endo.
A paciente (do tipo que procura preço), com dor, procurou outra colega, que diagnosticou a imagem radiolúcida no periápice como “cisto” que havia sido causado pelo apoio que eu teria feito sobre o 37 durante a exo do 38.
Munida de um rx periapical e de um “laudo” da colega, fui procurada pela cliente e pelo seu “educado” marido a fim de que eu pagasse parte de tratamento.
Me recusei e fui ameaçada com processo.
Liguei pra colega (minha vizinha!) pra tentar entender. Sabe como é, o paciente poderia ter entendido errado.
Infelizmente, a colega com muita soberba me disse: Se o dente não tem cárie, como ele poderia ter o cisto. Só pode ter sido pela exo.
A cliente usou de termos que só um profissional poderia tê-la orientado.
Fiz a representação. Marcaram a audiência. Uma espécie de conciliação.
A colega disse, que não tinha dito, o que provavelmente disse. Basicamente levou um puxão de orelha. Principalmente pelo “pseudo” laudo. A colega mediadora orientou: Você nunca coloca no papel e assina, algo que não pode provar.
Ela tratou o canal e disse que a lesão sumiu. Não era cisto!
Eu não esperava que ela tivesse ética profissional, mas sim, que fosse ética.
Ética=Caráter.
Não dá pra ter ética na profissão, ou na vida, ou no jogo.
Temos que SER éticos.
Em nome de um corporativismo falta-se com ética com o paciente. Não lhe faltou ética somente para comigo. Quando levou o paciente a crer em algo que ela não tinha certeza, faltou com ética para com ele também.
Conhecedores das dificuldades da profissão temos que ter o bom senso ao avaliar um caso. Por vezes aquela era a única solução possível.  Se repetido, o trabalho ficaria ainda pior. Mas por isso não se entenda: Mesmo estando ruim nada vou falar. Novamente seria anti ético.
Colocar-se no lugar do outro. Como eu agiria se fosse comigo? Essa pergunta é o fundamento da Ética.
A ministra da Cultura que recebe diária sem ter trabalhado.
Médicos, dentistas, enfermeiros etc, recebem por plantões que nunca fizeram.
Solvente misturado a gasolina.
Policiais corruptos.
Ética: Ou você tem, ou não tem.

AH, O OLFATO!!!



Não que eu despreze os outros sentidos, mas o OLFATO me encanta!
Você pode fechar os olhos, a boca, tapar os ouvidos e amarrar as mão, mas ao sentir um cheiro, todos os outros sentidos respondem.
Hoje de manhã, um perfume foi capaz de me levar pra algum lugar há mais de vinte anos.
Cheiro de picadinho de carne com batata me leva pra cozinha da minha mãe, na adolescência. O polvo fervendo no fogão me leva pra minha sogra quando casei.
O cabelo dos meus filhos cheira igualzinho quando eles eram bebês.
O pijama do maridão me faz senti-lo ao lado, mesmo estando longe.
O cheiro de chuva me leva pra praia, e mato molhado me leva pro sitio.
A criação Divina é perfeita, mas ele caprichou muito no olfato.
Ainda que na minha profissão, por vezes, os odores não sejam tão agradáveis.
Mais uma benesse pra eu agradecer nas orações diárias.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Caos Urbano

A cidade já está um caos. Cada vez mais carros na rua, indo e vindo num ballet de enlouquecer.
Na rua tem sempre alguém querendo ir pro mesmo lado que você, e sempre com mais pressa.
Conversões proibidas, estacionamento em local proibido, passar o farol vermelho, tudo em prol do seu próprio conforto.
Não interessa se a preferência é sua, pra ele, ele sempre tem a preferência.
Senhores das ruas e dos caminhos.
Eles têm que chegar, você não.
Eles têm hora, você não.
Eles precisam comprar pão. E daí se parar na porta da padaria é proibido ou atrapalha o trânsito. Ele tem que comer pão.
Imbecís atrás do volante, como se o mundo girasse ao redor de seus umbigos.
Vestem o carro como se fosse uma armadura e seguem pra guerra.
Tem ainda os imbecis surdos. Não bastasse ter mau gosto musical, ainda nos obrigam a compartilhar.
Em resumo, são os mal educados.
Quando confrontados xingam, como se dissessem: recolha-se a sua insignificância.
Vou precisar de muitas vidas pra aprender a relevar, desconsiderar.
Fico mesmo indignada.
Tento passar aos meus filhos o respeito ao próximo e a lição de que “Os meus direitos terminam quando começam os seus”.
O trânsito, infelizmente, é apenas mais um exemplo. Vertentes da falta de educação.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Como são frágeis, as fortes.

Hoje reproduzo um texto da Danuza Leão. Me cabe como uma luva.

É sempre o contrário.
Ah, como é boa a vida das mulheres frágeis; elas sempre têm alguém que cuide delas, em todos os sentidos.
As fortes fazem tudo sozinhas e são sempre chamadas nas horas do aperto; elas agüentam qualquer tranco
e são tão fortes que se metem até mesmo onde não são chamadas, para ajudar a resolver os problemas dos outros.É dura a vida das fortes; elas não são poupadas de nada. Se alguém está com uma doença grave, são as primeira a saber; se a namorada do sobrinho ficou grávida, são logo comunicadas, e quando alguém da família é preso com uma trouxinha de maconha, são imediatamente chamadas para as providências de praxe -entre elas, pagar o   advogado. Enquanto isso, os pais desses jovens adoráveis estão tomando uma vodca na beira da piscina sem saber de nada -eles não agüentariam um choque desses e precisam ser poupados, já que são frágeis.
Existe sempre alguém para velar pelas frágeis, seja um parente, um amigo, até um vizinho, que bate na porta,
preocupado com o silêncio, para saber se está precisando de alguma coisa. Uma mulher frágil é mais frágil que um recém-nascido, e como os homens adoram o papel de protetores -para se sentirem fortes e poderosos-, é a união perfeita da fome com a vontade de comer.
Quando elas ficam doentes, um verdadeiro exército é mobilizado; um leva revistas, o outro, um embrulhinho com umas frutas, e se ela não tem empregada, não falta quem vá para a cozinha fazer uma canjinha. Preste  atenção: as   mulheres frágeis são indestrutíveis. Já as fortes, na hora de uma crise de coluna, se arrastam até a geladeira  para pegar um copo de água e se alimentam o fim de semana inteiro com uma  barra de chocolate, pois ninguém imagina que elas possam precisar de alguma coisa (culpa delas, que preferem morrer de inanição a pedir socorro, para não cair do tipo).
Minha dúvida: uma mulher frágil nasce frágil ou escolhe essa profissão  para se dar bem na vida? Elas sempre
encontram um homem para cuidá-las,  acarinhá-las e cuidar para que nada as atinja, nunca. Enquanto isso, as fortes se acabam de trabalhar e são elas que saem dos supermercados com pacotes de compras sem que ninguém se  proponha a dar uma ajuda, mesmo que modesta.Somos todos estimulados a ser fortes, mas boa vida mesmo levam as frágeis, daí a dúvida: não seria melhor que as crianças fossem ensinadas –sobretudo  as meninas- a serem frágeis, pois sempre haverá alguém para resolver seus
problemas? E aliás, qual a vantagem de ser forte, além de ouvir dizer que um dia alguém se referiu a ela dizendo "aquela é uma mulher forte"? Um grande elogio, é verdade. Mas e daí?
Toda mulher forte tem desejos secretos que não conta nem a seu travesseiro: que alguém -nem é preciso que seja um homem- faça, um dia, um gesto por ela. Nada de muito importante; apenas um cuidado, dizer que está
um pouco pálida, perguntar se tem se alimentado direito, pegar pelo braço e levar para tomar um suco.
Sabe qual é o sonho secreto de uma mulher forte? Ter uma gripe com 38C de febre e poder ficar na cama,
sabendo que alguém vai cuidar da vitamina C, essas coisas.
Mas isso é difícil, pois uma mulher forte não adoece, e se isso acontecer, o mais difícil vai ser receber ajuda.
Uma mulher forte não deixa que ninguém faça nada por ela, mesmo precisando desesperadamente, e é capaz de
se deixar morrer de tristeza, solidão e sofrimento, a pedir socorro, seja a quem for.
Como são frágeis, as fortes.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dedicatória aos Amigos...

Com a licença do poeta, hoje não vou escrever, só vou contemplar e dividir com vocês as belas palavras.

Um dia a maioria de nós irá separar-se. 
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido. 
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. 
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. 
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. 
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nas cartas que trocaremos. 
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Até que os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. 
Vamo-nos perder no tempo.... Um dia os nossos filhos vão ver as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto! " 
Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito. 
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. 
E, entre lágrimas abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes desde aquele dia em diante. 
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. 
E perder-nos-emos no tempo..... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida te passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades.... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
 

Fernando Pessoa

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sindrome de "UP" Down

Laura e Ricardo





Comecei a namorar meu marido no dia 17/10/1984.
A data é apenas uma formalidade. Nos conhecemos no cursinho. As investidas dele foram muitas, mas eu resisti bravamente.
Ele apostou com um colega que iria me namorar. Soube disso muito tempo depois, mas mesmo sem  saber, não permiti que a aposta tivesse perdedor. Namorei os dois J
Menos de um mês depois, no feriado de finados, ele me convidou para ir pra praia. Seus pais estariam lá.
Fui.
Chegamos e somente a mãe dele estava no apto, seu pai e irmão tinham ido buscar água na bica.
Feitas as apresentações saímos pra comprar algo no mercado e quando a porta do elevador abriu, saíram de lá meu sogro e meu cunhado.
Minha sogra imediatamente disse ao meu cunhado:
-Ricardo, essa é a namorada do Pepinho (Pepe=José para espanhóis)!
Recebi então o mais caloroso abraço que já havia recebido em toda a minha vida.
E daí? Qual a importância da cena?
Seria somente mais uma apresentação, não tivesse eu precisado lidar com a surpresa do Ricardo ser portador de Síndrome de Down.
Eu sabia que meu namorado tinha um irmão de dez anos e esperava encontrar uma criança “normal”.
Acho que me saí bem. Pegamos o elevador, fomos ao mercado e não falamos sobre o assunto. Cara de paisagem.
Muito tempo depois, nossa relação já estável, perguntei por que ele não havia me preparado para o momento.
Eu poderia ter reagido mal.
Sua explicação foi a menos convincente possível, mas eu me dei por satisfeita.
Ele disse que a família não lembrava da diferença.
Na real, eu acho que ele teve receio da minha reação.
Minha sogra foi informada da síndrome, por um médico, um mês depois do nascimento, quando questionou porque o bebê não apresentava reações. Como não conhecia a síndrome, o médico explicou assim:
-Mãe, seu filho é retardado, nunca vai ser normal.
Imaginem, se for possível, o choque. Começava uma longa e difícil jornada.
Busca de informações, quase sempre desencontradas, tratamentos milagrosos e decepções.
Proibida a importação de medicamento, meu sogro encomendava um “remédio” que um piloto de avião trazia da Europa, por baixo dos panos. O encontro era coisa de cinema. No aeroporto o piloto entregava o frasco discretamente e o meu sogro pagava em dólar.  
Outro tratamento milagroso, na Argentina, foi indicado.
Com parentes em Buenos Aires, minha sogra passou meses por lá, e o Ricardo recebia umas injeções na base da nuca (???)
Escolas especiais, caras e sem preparo. A família aprendeu a lidar.
Ele cresceu e definitivamente, é especial.
Para os meus filhos ele é apenas o Ricardo.  O Pedro adora irritá-lo, e ele cuida da Laura como se ela fosse um bebê.
Certa vez, ficou na arrebentação do mar, tomando conta dela durante tanto tempo, que o sol queimou a marca dos dedos dele no braço. Ele ficou de braços cruzados, como se fosse um salva vidas.
Hoje ele tem 39 anos (já em contagem regressiva pro aniversário em junho). 
É a companhia diária da minha sogra (meu sogro faleceu).
A mim, especialmente ele ensinou a lidar com o diferente. Gosto de sair com ele e fazer pequenas atitudes que fazem seus olhos brilharem.
Não foi alfabetizado, mas reconhece o símbolo do Senna ou do Elvis em qualquer lugar.
Frequentava a APAE de Guarulhos, mas como já passou dos 30 anos, e o convênio com a prefeitura acabou, não frequenta mais. Sem programas especiais, atualmente não faz atividade sócio educativa.
Acredito que ninguém escolheria ter um filho especial, mas tê-lo pode ensinar muito.
Nunca vi o Ricardo deprimido ou triste.
Ele lida muito bem com a morte. Aceita e segue.
Down por causa do médico John Langdon Down que descreveu a síndrome.
UP porque é quase impossível ficar down perto do Ricardo

quinta-feira, 2 de junho de 2011

ALERTA: PARTICIPE DA CONSULTA PÚBLICA 42 DA ANS



                    Cara colega: 
                          O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo alerta as cirurgiãs-dentistas do Estado de São Paulo sobre a Consulta Pública nº 42/2011, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que dispõe sobre a concessão de bonificação aos beneficiários de planos privados de assistência à saúde pela participação em programas de promoção do envelhecimento ativo ao longo do curs o da vida.
                          No processo de divulgação da Consulta Pública nº 42 na imprensa, foi informado que dentre as premiações previstas, incluía-se a “oferta de planos odontológicos gratuitos”.
                          O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo é favorável a criação de programas de promoção do envelhecimento ativo, entretanto, discorda frontalmente que, como forma de premiação, seja oferecida a possibilidade de oferta de planos odontológicos gratuitos.
                          Se há graves dificuldades na área de Odontologia Suplementar na atualidade, podem-se prever os riscos embutidos na proposta de oferta de planos odontológicos gratuitos. Portanto, solicitamos aos colegas que se manifestem no site da ANS, impreterivelmente, até o dia 14 de junho.
                          O processo é rápido e pode ser feito em até três minutos:                          
                          1-A colega acessa o link http://www.ans.gov.br/index.php/participacao-da-sociedade/consultas-publicas/582-consulta-publica-42# .
                          2-Ao entrar na página, a colega deve acessar o formulário na parte inferior do site, colocar “Art. 18” no campo “Seção” e “inclusão” no campo “tipo”. A seguir, a colega pode digitar no campo “texto proposto” a frase: “vedando-se a oferta de planos odontológicos gratuitos”.
                          3-No campo “justificativa”, pode-se colocar “Somos contrários à oferta de planos odontológicos gratuitos como forma de premiação, conforme noticiado pela imprensa”.
                          4-A seguir, a colega preenche os seus dados pessoais e clica para o envio da mensagem.
                          Colega, não se omita e não fique inerte. Participe da Consulta Pública nº 42 da ANS. Os três minutos que você despenderá para se manifestar serão de grande valia para a Odontologia e para a saúde bucal da população.
                          É importante que a mobilização seja coletiva e organizada. Para isso, o CROSP pede que ao participar individualmente, a cirurgiã-dentista envie uma cópia da sua manifestação sobre a Consulta Pública nº 42 ao e-mail presidente@crosp.org.br.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dentista faz milagre. Ou não!

Na faculdade de Odontologia, vez por outra, precisamos trabalhar em duplas.
De um modo geral, as duplas são de escolha. Ás vezes são impostas.
Na cadeira de Prótese total eu tinha como dupla, a Dra Sibele. Uma figura como poucas. E de pensar que eu escolhi!
Pra quem não sabe, Protese Total é dentadura e pra ser bem confeccionada, necessita de vária etapas. Cinco pelo menos.
Para os estudantes este tempo dobra, pq precisa a repetir algumas fases,  pela inexperiência.
Tem também o fato de as consultas na faculdade não serem seqüenciais. Provas, aulas, férias, etc podem fazer com que o intervalo entre consultas seja longo.
Para nossa dupla foi designada uma paciente de aproximadamente 45 anos edêntula total (sem dente nenhum), para fazermos as “dentaduras” superior e inferior. Ótimo, pra quem não sabia fazer nem uma, que dirá duas.
Bora lá!
Anamnese, exame clinico e moldagens (sim no plural). Alginato, godiva de baixa fusão, pasta zinco enólica e todas as repetições necessárias.
Rolete de cera, curva de Spee, linha dos caninos e do sorriso, seleção do formato e cor dos dentes.
Prova da montagem e estando tudo bem: Acrilização
Fizemos todos os passos sem tropeços, afinal, meu diploma de Prótese tinha que servir pra alguma coisa.
E como tudo nas clínicas,  a nota da Disciplina estava condicionada a entrega do trabalho.
O tal dia chegou.
Já eram quase 11h da noite, (eu trabalhava o dia todo), estávamos cansadas e ansiosas. Desse dia dependia nossa aprovação.
Entregue as próteses, analisamos a oclusão e se estava machucando. Tudo OK!
Chegou a hora da paciente avaliar o trabalho.
Ela levou o filho (???) pra ver.
Ficou alguns minutos olhando o espelho e fazendo aquelas caretas clássicas. Caretas que ela nunca fará usando a prótese, mas quer “testar”.
Era a clássica paciente de Total.
Usava a mesma há 15 anos. O Incisivo Central Sup.  tinha mais super bonder que resina, e a inferior estava partida em três pedaços. Fora o tártaro de estimação e o esverdeado causado pela bala pra enganar o mau hálito.
Mas ela continuava lá. Micagens, caretas e a clara demonstração de que algo estava errado.
A clínica já estava quase vazia, e os colegas rodeavam a baia pra ver o que estava errado com a PT da dupla Célia/Sibele.
A paciente: - Eu não gostei da cor! (mas havia sido feita prova) Eu queria um beginho (???)
                     - Meu lábio ta torto (ela tinha vício postural)
                     - A de baixo ta mexendo (Ahã)
Tudo foi revisto e nada encontrado. O professor observava de longe e até o filho dela dizia: Tá bom mãe!
Mas todo mundo tem um limite e o da Sibele chegou.
- D. Elia (era o nome dela), nós fizemos tudo o que se pode fazer em termos de prótese total, funcionalmente ela está OK. Se estiver errada, o professor mandará fazer tudo novamente, mas não vai adiantar, porque no seu caso, só o Pitanguy (cirurgião plástico) resolve.
Ficou um silêncio sepulcral! Todos sumiram. Parecia que tinha caído uma bomba.
Eu pensei: Ferrou! Vamos ser reprovadas!
Mas acho que a D. Elia também pensava assim.
Aceitou as próteses e nós fomos aprovadas. Até hoje eu acho que a Sibele falou o que o professor tinha vontade, mas não podia falar.
Vai me dizer que vc já não teve esta vontade???
Eu trabalho com a Dra. Sibele até hoje, e ela ainda me prega sustos, mas eu já estou escaldada.