sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carnaval no Guapira



Eu tinha 16 anos, e toda a liberdade que meu pai me dava se limitava a chegar em casa no máximo às 23h.
Imagine, se for capaz, o que era então, poder ir a um baile de carnaval que ia das 22 às 4h?
E sem os pais, então?
Na sexta feira anterior tinha o baile pré carnaval, depois as cinco noites (de sexta a terça) e, 40 dias depois, o baile do sábado de aleluia.
Eu comprava o pacote para todas as noites. Uma fortuna!!!
Eram horas maravilhosas.
Guapira é o nome do clube onde passei minha adolescência, no bairro do Jaçanã, aquele mesmo que o Adoniram Barbosa cantou.
Amigos, risadas, namorados, vaquinha pro refri, bebedeiras com 3 latinhas de cerveja e muito folia.
Confeti, serpentina...
A trilha sonora era basicamente as marchinhas que se ouve há 50 anos e alguns hits de época. Hoje provavelmente tocaria Michel Teló. Mas quem estava prestando atenção na música?
A coreografia se limitava a ficarmos girando numa infinita roda, como um carrossel sem fim.
Um beijo roubado, uma passada de mão, um tapa, e a festa seguia.
Ali começavam namoros e outros acabavam.
De vez em quando um mais exaltado era retirado do recinto pelos bruta montes que faziam a segurança.
Levava uma dura. Amargava um "castigo" e logo voltava pro salão.
Dormíamos pouco pra passar o dia na piscina e, na noite seguinte, tudo de novo!
Na quarta feira de cinzas os amores tinham acabado.
Meu horário voltava a ser 23h.
Pelo menos até o sábado de aleluia :)