sexta-feira, 29 de julho de 2011

O trauma e a dentista

Costumo dizer que não sei quando decidi ser dentista, mas sei sim.
Foi quando vi esta foto !
Vc que chegou agora, não sabe, mas antes das TekPix e celulares com câmeras, no tempo da foto com filme, poucas mães faziam registros frequentes dos  filhos. E sem photoshop ou pré visualização das fotos, muitas das 36 posições eram descartadas por olhos vermelhos ou cabeças cortadas.
Para  registrar os momentos de seus rebentos, existia a figura do fotógrafo domiciliar, que as empresas enviavam de casa em casa. Marcava-se um horário e fazia-se a sessão de fotos. A produção se limitava a troca de roupas e uso de alguns objetos da casa, como flores ou livros.
Alguns dias depois, o fotógrafo voltava com o álbum pronto e com as faturas. Mensalmente vinha receber, nada de cheques pré datados.
Minha mãe fez nosso álbum por volta de 1971. Minha irmã caçula ainda não existia.
As fotos são simples, sem grandes tratamentos.
Para três crianças, são doze fotos de mais ou menos 25X30 cm.
E pasmem, esta minha foto é a capa do álbum.
Os padrões estéticos eram outros, e a saúde bucal, mal era considerada. Na nossa realidade, dentista só quando doía. Além do que , ia trocar os dentes de leite mesmo! Lembro da minha mãe nos mandando escovar os dentes de manhã, por estarmos com mau hálito, mas não me recordo de escovar os dentes pra dormir. Eu nunca usei chupeta ou tomei mamadeira.
As escovas tinham a opção de cerdas duras. Acreditava-se na sua maior eficiência. De tempo em tempo minha mãe colocava as escovas de molho na “cândida”.
Minha irmã mais velha já tinha trocado os incisivos e meu irmão mais novo ainda não tinha tido tempo de cariar os dentes. Então fica a pergunta? Por que esta minha foto, com todos os dentes anteriores cariados, foi a escolhida para ser a capa do álbum? 
Como vocês podem ver, meu lado perfeccionista já aflorava. Se é pra fazer cárie, vou fazer bem. Grande e pra todo mundo ver :(
Acho que isso ficou no meu subconsciente, e, mais uma vez, o Universo conspirou a meu favor.

3 comentários:

  1. Mas deixa transparecer que não restou mágoa alguma, que as lembranças da época são as melhores e a escolha profissional, a mais acertada!

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  2. Ah tambem fui um pequeno relapso.
    Acho super engraçado quando as vezes ficamos no twitter fazendo comparações de coisas de sua época e coisas de minha época.
    mas quando falamos em saúde bucal, acho que nossas memorias infantes são super próximas.
    EU sou do interior do interior da Bahia, de uma cidadezinha que atualmente, tem 20 mil habitantes. Quando criança, Itororó deveria ter no máximo, 14 mil.
    A fluoretação de água chegou quando eu tinha 11 anos de idade e a maioria dos dentistas q atendiam na cidade eram protéticos que trabalhavam na área.
    Tive muitas cáries muita mesmo, por sorte (ou não) nunca tive cárie nos anteriores.
    Mas é como digo, passado odontológico não se apaga, requer manutenções periódicas. rs.
    Isso me faz entender muitas crianças que não gostam de escovar os dentes, me ajuda a saber a melhor abordagem e me faz entendê-las melhor.
    Quando elas dizem que estão com dor de dente, é como se doesse em mim, e me motiva mais e mais a trabalhar.
    =]

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  3. Quem não foi relaxado com os dentes na infância que atire a primeira pedra.

    Ótimo texto Célia

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